Sobre

Blog do CIATE - Centro de Informação e Apoio ao Trabalhador no Exterior - voltado para quem quer aprender mais sobre cultura, costumes e curiosidades do Japão.

Origem do Hiragana e Katakana

Vem conhecer a origem das formas de escrita do Japão.

Sakura - flor de cerejeira

A flor mais conhecida e querida do Japão.

Chá verde

Conheça a história do Chá Verde, bebida muito apreciada pelos japoneses e também ao redor do mundo.

Costumes e curiosidades do Japão

Aqui você aprende tudo o que precisa sobre esse país para viajar conhecendo os costumes.

segunda-feira, 19 de julho de 2021

História do Kimono

 



No post de hoje nós vamos falar sobre a história do Kimono!

Como todos sabem, o kimono é a vestimenta tradicional do povo japonês, mas poucos conhecem sua história, então nós te convidamos para uma viagem no tempo para conhecer um pouco da história dessa vestimenta!

 

O Kimono, vestimenta típica do Japão como conhecemos hoje é algo bem recente e que passou por diversas mudanças, e a palavra kimono em si passou a ser designada para esse tipo de roupa tradicional japonesa apenas recentemente, depois da abertura do Japão para o Ocidente na Era Meiji e a entrada de trajes ocidentais no país. Antigamente, durante o Período Nara (710 a 794), os japoneses utilizavam roupas simples, com o intuito de proteger o corpo, e a palavra Kimono tinha o significado de vestimenta, podendo ser traduzida ao pé da letra como “coisa para vestir”. A partir da Era Heian (794 a 1192), as técnicas para produzir tecidos e roupas começaram a evoluir e o kimono começou a ter sua forma modificada, se aproximando do que conhecemos atualmente.

 

A seda utilizada para produzir os kimonos vinha da China, e era tecida em teares manuais de madeira de forma bem artesanal, trocando-se as cores dos fios a fim de produzir estampas no tecido. Esses tecidos feitos nesse tipo de tear facilitavam o trabalho dos produtores de kimonos, já que sua forma retangular simplificava o corte das peças para sua confecção.

 

O novo formato também facilitava seu uso e sua adaptação para as variações de temperatura, já que no Japão as estações do ano são bem definidas, ou seja, no verão é muito quente e no inverno é muito frio. Esse formato retangular permite que se use apenas uma camada de roupa no verão e que se adicione camadas conforme a temperatura vai caindo com a chegada do inverno.

 

Com o passar do tempo, a vestimenta foi evoluindo e o hábito de vestir kimonos com mais camadas foi se tornando popular e a combinação de cores se tornou uma parte importante na hora de se vestir, e é muito provável que foi a partir desta evolução da vestimenta e da moda que surgiram as combinações de cores tradicionais nos kimonos que vemos até hoje no Japão.

 

Durante as eras Kamakura (1192-1338) e Muromachi (1338-1573), se tornou comum o uso de cores muito chamativas e brilhantes entre homens e mulheres, e os guerreiros usavam roupas de cores que representavam seus líderes e se distinguiam do inimigo em campo de batalha.

 

Até a Era Edo, o Japão ainda estava sob um regime feudal, ou seja, o Imperador era apenas uma figura de poder mas este não era centralizado em suas mãos, sendo distribuído entre os clãs e o poder pertencia ao líder de cada um. Nesta era, o Clã Tokugawa era o mais poderoso no Japão e dividia seus guerreiros samurais de cada domínio pela cor e pela estampa da vestimenta, como uma espécie de uniforme. Nesta era se tornou comum a utilização de peças tecidas com linho entre os samurais e o kimono se tornou um item valioso devido ao tipo de confecção de tecido cada vez mais moderno e com alta qualidade, e assim a vestimenta também passou a ser considerada como arte.

 

Seguindo na linha do tempo, chegamos na Era Meiji (1868-1912), período em que o Japão abriu seus portos para o Ocidente e deixou seu sistema econômico feudal para entrar no sistema capitalista e acompanhar a economia industrial. Nesta época, a moda japonesa começou a sofrer influência da moda ocidental, e entraram peças como camisas, ternos, saias e calças. O Japão também começou a incentivas o uso dessas peças ocidentais por sua praticidade, principalmente no período de guerra. Inclusive o próprio Imperador Meiji utilizava trajes imperiais ocidentais. Durante e após a Segunda Guerra Mundial era possível ver a mistura de trajes ocidentais e japoneses pelas ruas das cidades japonesas.

 

E a moda continuou evoluindo cada vez mais rápido após a guerra, e os trajes ocidentais se tornaram algo cada vez mais comum entre os japoneses, mas isto não significa que o kimono foi deixado de lado. Atualmente a vestimenta tradicional é muito utilizada nos diversos festivais que acontecem no Japão, em festas tradicionais, casamentos, cerimônias da Família Imperial e inclusive na moda alternativa em Harajuku, com a mistura de elementos tradicionais com futuristas, e do ocidental com o japonês/oriental.

 


E assim foi a evolução do kimono, vestimenta que desperta muita admiração pela sua beleza e formas únicas. Gostaram? Então comente o que você achou, se gosta de kimono ou se conhece algum fato ou curiosidade que não falamos aqui.

Até a próxima!

 

 

Referências:

https://artsandculture.google.com/.../the.../bAKSIzW_YsXFJQ

https://www.japan-zone.com/culture/kimono.shtml

https://web-japan.org/kidsweb/virtual/kimono/kimono01.html

https://skdesu.com/roupas-tradicionais-japonesas-kimono.../

https://skdesu.com/montsuki-o-traje-tradicional-para-homens/

https://japan-forward.com/kimono-style-junihitoe-empress.../

http://www.culturajaponesa.com.br/index.php/diversos/kimono/

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Datas comemorativas do Japão

 


O Japão possui muitas datas comemorativas, algumas que podemos comparar com as do ocidente, como Ano Novo, Dia dos Namorados e Dia das Crianças, mas cada uma com um jeito japonês, e outras próprias da cultura do país, como a Golden Week e White Day.

Neste post vamos falar de algumas dessas datas comemorativas e das diferenças entre as comemorações do Japão e do Brasil.





Começando pela primeira data comemorativa do ano (depois do ano novo, pois vamos falar em um post diferente, junto com o Natal), o Dia da Maioridade, ou Seijin no Hi, comemorado na segunda segunda-feira do mês de janeiro. Neste dia se comemora a chegada aos 20 anos de idade, maioridade no Japão. Os jovens que completaram 20 anos usam roupas típicas, como o furisode (kimono de mangas longas) para mulheres e o hakama (kimono masculino) para os homens, embora muitos optem pelo uso de ternos ocidentais, e participam de cerimônias comemorativas. Pode ser comparado com as festas de debutantes aqui do Brasil em que as moças são apresentadas à sociedade e deixam a infância.

Em fevereiro, destacamos duas datas: o Dia da Fundação Nacional e o Dia dos Namorados. O Dia da Fundação Nacional, ou Kenkoku Kinenbi no Hi, é um dia voltado para o patriotismo, celebrando a fundação do Japão que, segundo registros históricos, se deu por volta de 660 a.C., quando o primeiro imperador japonês, Jinmu, também conhecido como Kigen-setsu, foi coroado. O dia determinado para essa comemoração é 11 de fevereiro e foi reconhecido como feriado no Período Meiji.





O Dia dos Namorados no Japão é comemorado em 14 de fevereiro, dia de São Valentim. Esta data foi introduzida no Japão em 1936 por uma fábrica de doces Desde então se tornou tradição neste dia que as mulheres entreguem doces, principalmente os feitos de chocolate, para seus namorados, para a pessoa que querem namorar ou para amigos. Neste dia apenas os homens recebem chocolates.


Em março, temos o Dia das Meninas, White Day e Dia do Equinócio de Primavera. No dia 3 se comemora o Dia das Meninas, ou Hina Matsuri, e é uma data festiva para comemorar o crescimento saudável e feliz das filhas. Neste dia é comum ver estrados de vários andares com bonecas, tradição que remonta desde a Era Heian, quando as famílias nobres japonesas faziam bonecas para depositar nos rios e mares e pedir que levassem consigo todas as doenças que pudessem atingir as meninas.




No dia 14, é comemorado o White Day, feriado que foi criado graças ao marketing. Neste dia, exatamente um mês após o dia dos namorados, os homens presenteiam as mulheres com chocolates como forma de retribuir o que receberam de dia dos namorados, dando chocolates para suas namoradas, colegas ou para aquelas que não tiveram coragem de entregar os doces no dia 14 de fevereiro.

Em 21 de março comemora-se o Dia do Equinócio de Primavera., feriado nacional do Japão desde 1948. Também conhecido como Haru no Higan, este dia está ligado à crença budista em que, quando o dia e a noite são iguais, Buda vem até a Terra para salvar as almas que vagam perdidas e conduzi-las ao Nirvana.




Em abril, logo no começo do mês, há o período do Hanami, ou seja, época de floração das cerejeiras. Nessa época, é comum as famílias ou grupos de amigos se reunirem em parques nos finais de semana para fazer piquenique e apreciar a bela vista que as cerejeiras produzem com suas flores. Em 8 de abril é comemorado o aniversário de Buda (hana matsuri).


No final do mês, mais especificamente no dia 29, se comemora o Aniversario do Imperador Showa e também se inicia a Golden Week. O Aniversário do Imperador Showa se tornou uma data mais para reflexão do que comemoração, pois neste dia os japoneses refletem sobre os acontecimentos do reinado do Imperador Hirohito (Showa) e sobre os aprendizados que tiraram deste período (entre 1926 e 1989, ou seja, iniciado após a Primeira Guerra Mundial e passando pela Segunda Guerra, período que mostrou a força do povo japonês, já que o país precisou se reerguer após a Segunda Guerra Mundial e se tornou uma potência mundial).




A Golden Week é uma semana de feriados que se estende de 29 de abril até 5 de maio. Este é o feriado mais esperado pelos japoneses e, por este motivo, há aglomeração de pessoas tanto nas cidades quanto em hotéis, aeroportos e trens, já que muitos tiram essa semana para viajar.  Os feriados da Golden Week são: Dia do Imperador Showa, Dia da Constituição, Dia do Verde e Dia das Crianças.

O Dia do Imperador Showa, ou Showa no Hi, é o dia do Aniversário do Imperador Showa, ou Hirohito, como foi mencionado anteriormente, comemorado em 29 de Abril, dando início à Golden Week.

O Dia da Constituição, ou Kenpo Kinenbi, comemora a data em que a Nova Constituição entrou em vigor, em 3 de Maio de 1947, pós-guerra, substituindo o antigo Estatuto do Período Meiji de 1889. Com a Nova Constituição, o sistema político do Japão passou a se basear na Democracia Constitucional, com separação dos poderes em Legislativo, Executivo e Judiciário, a função do Imperador passou a ser simbólica, sendo o poder de governar passado para o Primeiro Ministro. Também se tornou proibido o Japão ter treinamento militar em um exército e liderar uma guerra, a não ser em um caso de autodefesa.

No dia 4 se comemora do Dia do Verde, ou Midori no Hi. Este é um feriado que teve sua data modificada: antes era comemorado junto com o Aniversário do Imperador Showa, pois este tinha grande apreço pela natureza. O Dia do Verde foi comemorado em 29 de abril apenas entre 1989 a 2006, depois passou a ser comemorado no dia 4 de maio para que a Golden Week se tornasse uma semana de feriados contínuos. Neste dia os japoneses aproveitam para relaxar ao ar livre ou participar de eventos dedicados ao Midori no Hi.



O último feriado da Golden Week é o Dia das Crianças, ou Kodomo no Hi. Este é um feriado que sofreu modificação ao longo do tempo. Antigamente, o Dia das Crianças era conhecido como Dia dos Meninos, ou Tango no Sekku, realizado para pedir o crescimento saudável apenas dos filhos do sexo masculino, e se tornou o Dia das Crianças após a Segunda Guerra Mundial. Neste dia é comum ver bandeiras em forma de carpa (koi) penduradas pelas ruas do Japão, representando as carpas que nadam subindo a correnteza dos rios para se tornarem dragões, ou seja, simbolizando o crescimento saudável de todas as crianças e desejando sorte para a vida adulta.

O mês de junho não possui feriados no Japão. Nesse mês ocorre a estação chuvosa do Japão e também é conhecido por ser época de casamentos.

No mês de julho acontece o Festival das Estrelas, ou Tanabata Matsuri. Segundo a lenda, a Princesa Tecelã Orihime, representada pela estrela Vega foi separada de seu amante, o pastor Hikoboshi ou Tengyu, representado pela estrela Altair, condenados a morar em lados opostos da Via Láctea, e apenas no dia 7 de julho eles podem ficar juntos, mas com uma condição: atender a todos os pedidos enviados da Terra. Por este motivo, é muito comum ver vários pedidos pendurados em ramos de bambu para eles, há fogos de artifício, barracas de comida em festivais e os japoneses costumam vestir Yukatas (quimonos de verão). No final da festa, os pedidos são queimados para que cheguem ao céu e que as estrelas possam realizar os desejos.



Também em julho se comemora o Dia do Mar, ou Umi no Hi. Como todos sabem, o Japão é um país formado por um conjunto de ilhas cercado por mar, logo este possui uma grande importância para o desenvolvimento econômico do país, além de ser uma grande fonte de alimentos. Inicialmente, o dia do mar era comemorado em 20 de julho, data estabelecida em o1941, correspondente ao dia em que o Imperador Meiji desembarcou do navio Meiji Maru em Yokohama, mas a partir de 2003 teve seu dia alterado para a terceira segunda-feira do mês de julho, graças ao sistema Happy Monday, em que se altera a data dos feriados para caírem nas segundas-feiras, prolongando o final de semana e evitando a interrupção da semana de trabalho. No Dia do Mar, os japoneses agradecem pelas bênçãos vindas do oceano, como por exemplo alimentação, e comemoram em festivais e eventos nas praias com direito a passeios de barco e muitas refeições com frutos do mar.

O Festival Obon acontece em agosto e é uma comemoração para relembrar os ancestrais e celebrar sua vinda à terra, e tem a duração de 3 dias, de 15 de agosto, verão no Japão. Neste festival, as famílias fazem homenagens aos mortos em altares em casa acendendo o fogo sagrado (ou colocando lanternas) em frente às residências, margens de rios e nas praias para receber e guiar as almas dos antepassados. Os japoneses também dançam o Bom Odori, que é uma dança alegre com músicas típicas que tem base em um sutra budista chamado Urabon-kyo.

 


Segundo o sutra, um discípulo de Buda chamado Mokuren (ou Mokuen), havia perdido sua mãe, falecida recentemente. Como ele tinha o dom de visualizar outras dimensões com seu espírito, resolveu procurar sua mãe para ver se ela estava bem, e ficou triste pois viu o espírito dela sofrendo na dimensão dos demônios famintos, ou Gaki, similar ao que seria o inferno. Quem cai nessa dimensão sofre de sede e fome eternas. Na tentativa de ajudar sua mãe, Mokuren levou comida para ela, mas toda vez que a comida tocava a sua boca, ela se transformava em chamas. Preocupado e sem saber o que fazer, ele foi pedir ajuda a Buda que, ao ouvir suas preces, orientou Mokuren a enclausurar todos os monges da região para que esses não pisassem em flores nem em pequenos insetos durante algum tempo.

 

Então Mokuren seguiu as ordens de Buda e preparou um farto banquete, chamando os monges e dizendo-lhes que seria para homenagear a alma de sua mãe. Os monges ficaram tão encantados e deliciados com o banquete que se esqueceram de sair, comendo, bebendo e dançando de alegria. No final do dia, Mokuren mais uma vez viajou através das dimensões e viu que sua mãe havia saído do Gaki e estava leve, flutuando, pois estava transformada em um ser do plano espiritual, equivalente ao paraíso. Neste momento, a alegria de Mokuren foi tanta que ele começou a dançar, e os passos da dança são os do Bom Odori da atualidade. O banquete teria sido servido no dia 15 de agosto, por este motivo esta data se tornou o início do festival Obon.

 


No final do festival, os japoneses colocam as lanternas nos rios e no mar para guiar os espíritos de volta ao plano espiritual. Curiosidade: no dia 15 de agosto de 1945, o Imperador Hirohito anunciou a rendição do Japão e fim da Segunda Guerra Mundial. A partir de então, o dia 15 de agosto é considerado um dia de reflexão, tanto sobre os males causados pela guerra quanto pelo Obon e celebração dos antepassados em si, muitos deles, inclusive, que morreram durante a Segunda Guerra Mundial.

Em setembro podemos destacar 3 comemorações: o Dia de Respeito aos Idosos, o Dia do Equinócio de Outono e o Otsukimi.

O Dia de respeito pelos idosos (Keirou no Hi), acontece na terceira segunda-feira de setembro e é uma data comemorativa exclusiva do Japão. Este dia, criado em 1947, é dedicado aos idosos, sendo uma data para visitar os parentes que já estão na terceira idade e prestar homenagens a eles. Inicialmente, o dia de respeito pelos idosos era comemorado em 15 de setembro, mas por causa do sistema Happy Monday, passou a ser comemorada na terceira segunda-feira do mês. No Japão, a celebração do aniversário de 60 anos de idade é muito importante, pois significa que a pessoa completou o ciclo zodiacal e voltou ao signo de seu nascimento. Há o costume de presentear quem completa 60 anos com algo vermelho, simbolizando proteção

O equinócio de outono, ou shuubun no hi, é comemorado entre os dias 22 e 23 de setembro, marcando o início do outono. Os japoneses comemoram esta data pois é no outono que as temperaturas ficam mais amenas e o clima se torna bem mais confortável do que o calor do verão. Neste dia os japoneses visitam os túmulos de seus parentes falecidos, fazem a limpeza do local e colocam flores como oferenda. Também fazem oferendas de flores e comida nos templos e em casa. Os equinócios dão conhecidos como Higan (a outra margem) e são dias em que Buda vem salvar as almas que vagam pela Terra e leva-las ao Nirvana.

No fim do mês, os japoneses apreciam a lua cheia durante o otsukimi. Nesta época, a lua se destaca muito no céu e, por este motivo, os japoneses costumam apreciá-la e fazer oferendas pois, antigamente, esse hábito pertencia os camponeses que faziam oferendas para agradecer às boas colheitas. A família imperial também comemorava o otsukimi, apreciando a lua e cantando ao som de instrumentos tradicionais como o koto. O símbolo desse festival é o coelho, já que é possível observar durante a lua cheia de outono uma forma parecida com a do animal em sua superfície (é como a imagem de São Jorge vista na lua aqui do Brasil).

 


Também existe uma lenda budista que sobre um monge que pediu alimento para 4 animais: um macaco, uma lontra, um chacal e um coelho. Todos conseguiram levar alimentos para ele, menos o coelho, já que as ervas que ele estava acostumado a comer fariam mal para o monge. Por este motivo, o coelho se ofereceu em sacrifício para alimentar o monge e se jogou na fogueira, mas o seu corpo não queimou, já que o monge na verdade era uma divindade chamada Sakra. Comovido pelo sacrifício do coelho, o monge resolveu desenhá-lo na lua como uma homenagem. Curiosidade: no anime Sailor Moon, a protagonista se chama Usagi Tsukino, sendo uma referência a esse coelho da lua e trocadilho com o nome tsuki no usagi.



Em outubro se comemora o Dia dos Esportes e Saúde, ou Taikiku no hi, na segunda segunda-feira de outubro. O dia dos Esportes e Saúde é um feriado nacional e tem como objetivo incentivar as pessoas a praticarem esportes e cuidarem da saúde, tanto física quanto mental. É celebrado desde 1966, comemorando também a data da abertura dos Jogos Olímpicos de Verão em Tóquio, que ocorreu em 1964. No Dia dos Esportes é muito comum ver os japoneses participando de Undoukais, que são gincanas esportivas em que os participante se dividem em dois times, vermelho e branco, e praticam várias atividades como corridas com revezamento e/ou com obstáculos, cabo de guerra, basebol, gerando interação entre pais e filhos e entre os participantes de modo geral. Também é comum ver muitas tendas fazendo alguns exames médicos neste dia.




Curiosidade: o mês de outubro é chamado de Kamiarizuki, ou seja, Mês com Deuses em Izumo e Kaminazuki ou Kannazuki, ou seja, Mês sem Deuses, no restante do Japão. Segundo a tradição xintoísta, durante o mês de outubro, os 8 milhões de deuses que existem na religião saem de seus templos e vão para o santuário Izumo Taisha (um dos mais antigos do Japão), reunindo-se para decidirem sobre os eventos do ano seguinte. Os meses também possuíam nomes diferentes no passado, mais precisamente na era Heian (entre 794 e 1185). Atualmente os meses possuem o nome do número que representam, sendo janeiro ichigatsu (mês 1), fevereiro nigatsu (mês dois), março sangatsu (mês três), e assim por diante. Na Era Heian, os nomes dos meses eram:

– Mutsuki (janeiro)= mês da harmonia
– Kisaragi (fevereiro) = mês de vestir roupas extras (é inverno no Japão)
– Yayoi (março) = mês do crescimento, renovação
– Uzuki (abril) = mês da unohana (flor comum no Oriente)
– Satsuki (maio) = mês de plantar arroz
– Minazuki (junho) = mês sem água (curiosamente, junho é um dos meses em que mais chove no Japão)
– Fumizuki (julho) = mês das letras, da literatura
– Hazuki (agosto) = mês das folhas
– Nagazuki (setembro) = mês longo, da lua cheia
– Kannazuki (outubro) = mês sem deuses. Se estiver próximo do santuário Izumo Taisha, o nome do mês é Kamiarizuki, que significa “mês com deuses”,como foi dito anteriormente

– Shimotsuki (novembro) = mês do frio (início do inverno no Japão)
– Shiwasu (dezembro) = mês dos monges correndo. No fim do ano, os monges estavam ocupados com os preparativos do Ano Novo

 

Em novembro podemos destacar o Dia da Cultura e o Shichi-go-san. O Dia da Cultura, ou Bunka no hi, é comemorado no dia 3 de novembro com festivais por todo o Japão e cerimônias com premiações de atividades culturais, sejam elas nas artes ou pesquisas acadêmicas. Inicialmente, o Dia da Cultura era comemorado como aniversário do Imperador Meiji, que era o líder do Japão quando o país se abriu para o ocidente e começou a modernizar-se. Também foi responsável pela Restauração Meiji, ou seja, além da abertura para o ocidente e entrada da indústria no Japão, também houve a mudança no centro do poder, passando dos Xoguns (líderes militares) para a Família Imperial.


Outra característica da Restauração foi a padronização do idioma japonês em todo o país e reformulação do ensino. Somente em 1946 que este dia passou a ser comemorado como o Dia da Cultura, com os festivais e premiações citados anteriormente, incluindo um prêmio  muito importante chamado Ordem da Cultura, entregue pelo próprio Imperador no Palácio Imperial em Tóquio, e esta premiação não se limita apenas a japoneses; ou seja, pessoas de qualquer nacionalidade podem receber este prêmio.

No dia 15 se comemora o Shichi go san, ou na tradução livre, sete cinco três. Neste dia as pessoas vão aos templos para desejarem um crescimento saudável para meninas de 7 anos, meninos de 5 anos e crianças de 3 anos (7 – 5 – 3). Neste dia as crianças vestem roupas tradicionais, sendo 2 tipos de kiimono para as meninas, o sansai furisode para meninas de 3 anos, o nana sai furisode para meninas de 7 anos e o hakama para meninos de 3 e 5 anos.

 


O Shichi go san remonta desde o período Heian (794 – 1185 d.C.), quando a nobreza realizava rituais e festas pedindo pelo crescimento saudável dos filhos e, com o passar do tempo, a comemoração foi se estendendo aos samurais e, na Era Meiji, toda a população japonesa poderia participar e desejar um crescimento saudável para suas crianças. As idades de 7, 5 e 3 anos foram escolhidas pela crença que esses números trazem sorte, inclusive muitas crianças eram registradas com 3 ou 5 anos de idade para unir seu registro à sorte. Com 7 anos a criança estaria na transição da infância para a fase juvenil.

Curosidades: No Japão existem idades e dias considerados de boa ou má sorte. No caso das idades, os japoneses acreditam que são aniversários que devem ser comemorados para afastar o azar

O dia 3 de novembro é feriado no Japão para celebrar o Dia da Cultura (文化の日 Bunka no Hi). A data é comemorada por todo o território japonês com festividades e cerimônias de premiação que promovem as artes e as atividades acadêmicas (desde a escola primária até universidades, com o reconhecimento dos melhores alunos e de novos projetos e pesquisas).



Neste dia, as escolas abrem as portas (mas não para as aulas). As salas se transformam em palcos para apresentações de bandas, espaço para restaurantes ou cafés ou hobbies diversos.

 

Gostou desse post? Tem alguma data comemorativa que você conhece e não está aí? Vem falar para a gente o que você achou do post nos comentários do blog! Até a próxima ^^


Referências:

https://www.japaoculturaeturismo.com/2010/11/dia-da-cultura.html

https://www.japaoemfoco.com/valentine%c2%b4s-day-no-japao/

https://mundo-nipo.com/cultura-japonesa/datas-festivas/

https://coisasdojapao.com/2017/04/golden-week-a-temporada-de-feriados-mais-esperada-pelos-japoneses/

https://www.bradesconikkei.com.br/html/nikkei/noticias/datas-comemorativas.shtm

https://gogonihon.com/pt/blog/calendario-de-feriados-no-japao/

https://www.japaoemfoco.com/datas-comemorativas-no-japao/

https://kabukigirlblog.com/2015/02/19/seijin-no-hi-coming-of-age-day/


terça-feira, 13 de julho de 2021

Chá verde - história e cerimônia




Após a ida a China, no século IX, o monge budista Eichu (永忠) conheceu o chá de infusão (団茶, dancha), responsável por trazer a erva ao Japão. Esta erva era conhecida na China desde o período da Dinastia Han Oriental (25-220 DC). A princípio, o costume de beber chá, estava relacionada a área medicinal e por razão de luxo, pois a mesma era importada da China.

 

Já no século XII surge um novo tipo, conhecido como (matcha, 抹茶), feito da planta chamada Camellia sinensis, trazido ao Japão por Eisai, monge japonês também retornado da China. Este novo produto é mais forte, considerado como chá-verde, sendo extraído da planta de chá-preto, comumente utilizado em rituais nos templos budistas. No século XIII, o ato de beber este chá estava difundido entre os samurais, sendo um dos maiores responsáveis pela disseminação da prática, como também entre os sacerdotes de Zen e a classe superior, chegando a comunidades rurais.

Surge então, a cerimônia do chá, conhecia como "chanoyu". Esta prática propõe alcançar a “paz numa xícara de chá”, caracterizando-se por servir e beber o “matcha”, chá verde pulverizado. Os mestres que realizam este ato se dedicam à difusão da filosofia do chá, o ritual, a concentração, o desenvolvimento rítmico da cerimônia do chá levam a meditação, tranquilidade e a paz superior.

 

No fim do século XV, Murata Juko, dominou a arte da “Chanoyu” e propôs outro tipo de chá cerimonial, denominado “wabicha”, realizado em salas pequenas, utilizando poucos utensílios, grande maioria de fabricação doméstica. Em seguida, no final do século XVI, período de Momoyama, o monge Sen-no-Rikyu, foi responsável por estabelecer a estrutura definitiva para a cerimônia do chá. O “wabicha” prega o espírito “wabi” (desprendimento, eliminação do supérfluo, simplicidade), para a cerimônia de chá que, ao longo dos anos, também se tornara a essência da arte japonesa.

 





Significado da Cerimônia do Chá Japonesa – “Chado”
“Chanoyu” - a cerimônia do chá japonesa não consiste em apenas servir o chá verde (bancha) aos convidados. Na verdade é uma Arte Japonesa, muito profunda. Como tudo no Japão, existem mil detalhes, como os antigos japoneses adoravam. A filosofia da cerimônia está oculta em cada gesto, desde o preparo do chá até a hora de servi-lo.


Tudo começou com os monges zen budistas, que foram os primeiros a utilizar o chá verde, no século 12, introduzindo o consumo do chá no Japão.
Mas quem transformou em arte foi Sen Rikkyu (1522-1591). A partir dele originaram-se os três principais estilos de chanoyu: as escolas Omotesenke, Mushakojisenke e Urasenke.


A sequência de gestos é realizada pelos mestres e aprendizes que fazem a cerimônia. O preparo da bebida e o ato de servir têm um significado espiritual, ao qual se dá o nome de chado, ou caminho do chá, que tem três princípios básicos: todos são iguais, respeito ao outro e gratidão por aquele que prepara o chá.


Em média uma cerimônia dura 40 minutos, mas em alguns casos pode chegar a 4 horas. O tempo se alonga se for considerado o início da cerimônia, quando ocorre a caminhada por um jardim de pedras tipicamente japonês. O ponto alto acontece quando os participantes compartilham o momento de tomar a bebida.


Por volta do século XVI, tomar chá se popularizou, chegando a atingir todas as camadas sociais do Japão. Sen no Rikyu, um dos maiores destaques na história da cerimônia do chá, seguido pelo seu mestre, Takeno Jōō, de acordo com a filosofia ichi-go ichi-e, cada cerimônia do chá é única, e nunca poderá ser reproduzida. Seus ensinamentos foram responsáveis pelo desenvolvimento de novos estilos arquitetonicos japoneses, como Jardins, Arte e todo o desenvolvimento e criação da cerimônia do chá. E os ensinamentos resistem até hoje.


Ichi-go traz em seu significado toda a vida de uma pessoa, desde o seu nascimento até a sua morte e Ichi-e, que literalmente representa “encontro único”, implica que os encontros entre as pessoas ocorrem uma única vez na vida e jamais se repetirão da mesma forma, pois tanto o local quanto as pessoas não serão mais os mesmos daquele encontro.

 

A expressão Ichi-go-Ichi-e ensina que ambos protagonistas dos encontros devem aproveitar esses momentos em sua plenitude com respeito, interesse, emoção e sabedoria. Ao descobrir na expressão facial e nos gestos e ações das pessoas este significado, a relação com a fotografia foi imediata, pois na foto registramos um momento que influenciará nossas lembranças em um tempo futuro onde a magia do reencontro é fortalecida na emoção e memória de todos nós. Cada foto é também única e a energia Ichi-go-Ichi-e se fez presente desde então em todos os momentos que de minha vida e que compartilho com vocês e torna também este momento único e valioso para todos nós.



Segundo Rikyu, os princípios básicos do caminho do chá são:

1 -   Wa: Harmonia:

Resultado da interação do convidado e do anfitrião, da comida servida, dos utensílios utilizados e da natureza. Ser livre das pretensões, humilde para com os convidados, harmonia com a vida, responsável por criar uma atmosfera de paz ao redor de si. A interação com a natureza deve ser considerada como uma fonte de prazer, compreensão da efemeridade de coisas imutáveis, como as mudanças entre as estações do ano. Nunca se deve excluir, ignorar ou considerar inconveniente estes preceitos.

 

 

2 - Kei: Respeito:

Refere-se à sinceridade do coração, aberto para a capacidade de compreender e aceitar a tudo e a todos, mesmo sendo divergentes, aberto para um relacionamento com a natureza e o ser humano, compreendendo a dignidade de cada um. Ser humilde e respeitoso, incluindo com os utensílios utilizados durante a cerimônia, pois esta igualdade resulta em uma cerimônia memorável e bem sucedida. Tratar os utensílios mais simples com o mesmo cuidado e apreço que os mais caros, criando assim, um elo de harmonia entre os participantes, além de gerar um sentimento de gratidão. A hospitalidade do anfitrião, a cortesia dos convidados, assim como a manipulação cuidadosa dos utensílios exemplifica este respeito durante o “Chado”.

 

 

3 - Sei: Pureza:

A pureza estende-se às vestimentas, utensílios, jardins, etc, pois significa estar com o coração puro e aberto para sentir a harmonia e a sensação de paz e tranquilidade gerada na cerimônia. Quando o local de realização está organizado e limpo, a alma e o coração também estão sendo purificados, assim como utilizar roupas limpas, prevalecendo a pureza.

Antes de adentrarem no salão, deve-se enxaguar as mãos e lavar a boca em uma bacia de pedra, retirando e purificando-se da sujeira e negatividade do mundo exterior.

 

 

4 - Jaku: Tranquilidade:

Um dos principais objetivos a serem alcançados com esta prática, neste estágio, há um nível de desprendimento mais elevado, onde são colocados em prática os ideais de respeito, pureza e harmonia. Com o coração puro e iluminado, os participantes podem enfim, experimentar a total quietude e silêncio que o “Jaku” proporciona.

 

 

De acordo com o mestre do chá, Sem-no-Rikyu: “Um verdadeiro mestre aprende a ser dono do seu coração e não se deixa dominar por ele!

A Pessoa responsável por criar um ambiente agradável, através do rígido ritual e total participação, para que estes princípios sejam sentidos e vividos intensamente por todos, num momento único e irrepetível, se chama “Chajin (homem do chá)”.

 

O desenvolvimento da arquitetura, jardinagem paisagística, cerâmica e artes florais para a Cerimônia do Chá se mantêm até os dias atuais, bem como a apreciação do cômodo onde é realizada, o jardim a ele contíguo, os utensílios utilizados no servir o chá, a decoração do ambiente como um rolo suspenso ou um “chabana” (arrojo floral para a cerimônia do chá).

O espírito da Chanoyu, representando a beleza da simplicidade e da harmonia com a natureza, moldou a base dessas formas tradicionais da cultura japonesa e que são mantidos intactos por há mais de um milênio. 

 

Fonte : Urassenke e Wikipédia